Infertilidade conjugal: quando e o que pesquisar?



 Casais com dificuldade de engravidar devem procurar um especialista depois de passado um ano de relações desprotegidas que não resultaram em gravidez. Caso a mulher tenha mais de 36 anos, a consulta com o médico deve acontecer após apenas seis meses de tentativas sem sucesso. Pacientes portadoras de condições relacionadas à infertilidade como, por exemplo, síndrome dos ovários policísticos e endometriose também devem procurar ajuda especializada antes de um ano.

A investigação feita a partir de exames e consultas com um especialista em reprodução humana, tem o objetivo de identificar problemas, direcionar tratamentos e aconselhar o casal durante todo o processo, a fim de encurtar o tempo para obtenção da gestação. Segundo a médica Márcia Ferreira, especialista do Centro de Reprodução Humana Mater Dei, “a história prévia de doença inflamatória pélvica ou cirurgias abdominais e a presença de outros casos de infertilidade ou de endometriose na família são dados que auxiliam no diagnóstico. Por outro lado, a ocorrência de gravidez anteriormente é um fator positivo, assim como uma média de duas a três relações sexuais desprotegidas por semana”.

Além desses fatores, a médica explica que quem está tentando engravidar deve ser aconselhado e estar atento a hábitos que prejudicam a fertilidade, como alcoolismo, tabagismo, uso de drogas e excesso de peso. “A investigação complementar deve incluir exames de todos os fatores capazes de causar dificuldade para engravidar. Os exames básicos são o espermograma, ultrassom pélvico endovaginal, histerossalpingografia e dosagens hormonais”, complementa.

 

O espermograma

 

A amostra deve ser colhida após um período de dois a cinco dias de abstinência, preferencialmente no local onde vai ser realizada a análise. O uso de alguns medicamentos, drogas recreacionais ou mesmo episódios febris nos meses anteriores à coleta podem afetar o resultado, por isso o médico deve sempre ser informado. Caso o resultado mostre alguma anormalidade, o exame deve ser repetido, respeitando-se um período mínimo de dois a três meses. Em casos de ausência de espermatozóides ou redução grave da concentração, o médico deve solicitar outro exame imediatamente.

 

A histerossalpingografia

 

A função das trompas deve ser avaliada pela histerossalpingografia. Trata-se de um exame radiológico no qual um contraste líquido é injetado pelo colo do útero para que passe pela trompa e caia na cavidade abdominal. Esta passagem é documentada por raios X sequenciais. Com isso, é possível avaliar as especifidades da cavidade uterina e das trompas. 

Em alguns casos de alterações no histerossalpingografia, o médico pode indicar uma laparoscopia. Por se tratar de um procedimento complexo, sob anestesia geral, a laparoscopia deve ser reservada para as pacientes que têm histórico de endometriose, cirurgias ou infecções pélvicas e para aquelas com determinadas alterações da histerossalpingografia.

 

O ultrassom endovaginal

 

Até o oitavo dia do ciclo, é ideal é que seja realizado um ultrassom endovaginal. O exame permite avaliar detalhadamente a cavidade uterina, identificando alterações que podem comprometer a fertilidade, como pólipos, miomas ou adenomiose. Em alguns casos, deve ser realizada, posteriormente, a histeroscopia, que permite visualizar e retirar pólipos ou miomas submucosos (que se projetam para dentro da cavidade uterina). Assim como a laparoscopia, a histeroscopia não é indicada para todas as pacientes.

O ultrassom transvaginal permite, ainda, a avaliação dos ovários, a identificação de cistos ou tumores e de endometriose ovariana ou profunda infiltrativa. Além disso, a contagem ultrassonográfica dos folículos antrais é um dos métodos de escolha para avaliação da reserva ovariana, diretamente relacionada à chance de sucesso nos tratamentos para infertilidade.


Dosagens hormonais


São indicadas para detectar alterações ovulatórias e auxiliar na avaliação da reserva ovariana. A médica ainda explica que “além da contagem de folículos antrais, a idade da mulher e dosagens hormonais realizadas no terceiro dia do ciclo são dados capazes de avaliar a reserva ovariana e predizer as chances de gravidez em ciclos de reprodução assistida. São úteis também na escolha do tratamento e do protocolo de medicação a ser utilizado”.

Outros exames

Para casais que vão iniciar um tratamento com técnicas de reprodução assistida, também são recomendados testes para HIV, hepatite B, hepatite C, rubéola, clamídia e citologia para rastreamento de câncer do colo do útero. 

 Além disso, dependendo dos resultados dos exames básicos e do histórico familiar, outros exames específicos podem ser indicados, como dosagens hormonais masculinas, exames genéticos e pesquisa de trombofilias. “No entanto, estes exames não aumentam a chance de gravidez se solicitados para todos os casais e são reservados para situações clínicas específicas que podem ser adequadamente identificadas pelo infertileuta ou andrologista”, explica a especialista Márcia Ferreira.

É importante que casais com dúvidas ou preocupações relacionadas à fertilidade procurem ajuda de um especialista em reprodução humana para otimizar suas chances de gravidez e receber aconselhamento adequado. 

 

                                    Márcia Cristina França Ferreira

Ginecologista e obstetra do Centro de Reprodução Humana Mater Dei
CRM-MG: 34230




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