O perdão é uma decisão, não um sentimento!



Na correria do mundo moderno, sem querer vamos atropelando pessoas que amamos, pela pressa de ser feliz, pela impaciência de lidar com as diferenças e ainda mais, pela incapacidade de olhar o outro em suas miudezas, seus valores mais invioláveis.

E, talvez, sejam esses mesmos que nós violamos. As relações acabam se tornando um receptáculo de mágoas. Frágeis na sua cumplicidade e nos perdões, que de fato não perdoaram.
A cada briga, uma dezena de acusações de dias, de meses e de anos é capaz de voltar ao tribunal dos afetos, trazendo-nos a certeza de que o perdão, de fato, não existiu.
Já li em algum post da internet, do qual desconheço a autoria: “Perdoar não é esquecer, isso é amnésia. Perdoar é lembrar, sem se ferir e sem sofrer: isso é cura. Por isso é uma decisão e não um sentimento.”

Sim, perdoar é uma decisão. Consciente, mas que precisa ser introjetada para que atinja nossas raízes mais profundas, para que esteja dentro do nosso inconsciente, livre das nossas pulsões mais primitivas, das nossas vis acusações que, volta e meia, reaparecem apenas para ganharmos o jogo de poder, que, muitas vezes, faz o amor se perder.

Mágoa é um sentimento de abandono, de desrespeito. Ela surge quando sentimos que não somos ouvidos, quando não recebemos determinadas palavras ou atitudes que esperávamos das pessoas para quais nos dedicamos e equivocadamente criamos expectativas de perfeição e irrealidade.
Sim, pessoas que amamos erram, são imperfeitas e reais. As mágoas não resolvidas geram feridas, cicatrizes que não se fecham, volta e meia elas se abrem e voltam a sangrar.

Só o perdão pode curar essa ferida. Só amor pode nos trazer ao coração o perdão verdadeiro. O amor é sentimento que nos permite escolher perdoar a quem amamos.

Só quem já foi capaz de perdoar, ama de verdade. Escolher o perdão é escolher o amor, é escolher a si mesmo, é escolher a imperfeição humana e tornar-se solidário nos equívocos.
Amar os acertos, as qualidades, é fácil. Amar as imperfeições, os erros e fazer com que o amor sobreviva depois do perdão, é uma decisão de fé na vida.
Como diz um pequeno verso meu: “Perdoar não é se perder, perdoar é se pertencer”.

Mas, muitas vezes, além de perdoar os outros é necessário também perdoar a si mesmo.


                                                                     Cristina Biscaia