Uma coisa é o silencio, outra é a ausência de palavras.



 

Quando não falamos nada por medo do que pode dar errado.

O engolir que pode te sufocar por dentro.


Falar o que pensa pode ser ótimo, extravasar, se libertar daquilo que está preso na garganta pode oferecer uma ótima sensação de alívio. Ao colocar para fora você pode ser melhor compreendido tanto pelo outro como por você mesmo.
Não que o simples ato de falar vá te aliviar, como dizia Lacan “O paciente não sente angústia por falar na terapia. Sente angústia por ter que escutar o que disse”. Angustia momentânea, que indica que este paciente está no caminho de sua própria compreensão e mudança.
Melhor do que falar é se escutar. Talvez por isso que falar sozinho pode ser uma experiencia muito rica. Mas mesmo que esteja conversando com outras pessoas a sensação de novas percepções pelo simples fato de colocar em voz alta o que passa em sua cabeça pode mudar totalmente sua ideia, e talvez você acabe de dizer uma coisa e já pense outra em seguida. Talvez seu amigo, ou seja lá com quem você esteja conversando não compreenda esta mudança, mas ela pode ser muito forte.
E talvez este seja um dos motivos de muito momentos de “ausência de palavras”, que não são simples “silêncios”. Estar em silencio é bem diferente de se calar.
O silencio é confortável, é a declaração de que não existe necessidade de palavreado naquele momento, tudo pode ser compreendido com olhares, gestos.
A ausência de palavras é o “se calar”, engolir as palavras que estão tentando emergir. Elas não podem sair porque algo pode dar muito errado. Elas ficam estagnadas e podem apodrecer você por dentro.
Então vamos pensar no porquê das pessoas sentirem que precisam engolir suas palavras, seus sentimentos, suas ideias, a expressão de sua própria identidade. As pessoas se calam quando:
-Vê que pode ser desmerecida em suas colocações, vão achar que é bobagem.
-Não vai conseguir se expressar e passar exatamente o que pensa.
-Até ela se considera errada e injusta em pensar daquela forma.
-Sente culpa em ocupar “espaço” no ouvido do outro.
Enfim, aqueles momentos de aparente paz, podem estar carregados de muita dor, e só quem sabe disso é quem está engolindo.
É possível trabalhar esta questão em terapia para finalmente se sentir melhor consigo mesmo.





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