NÃO ENTRE POR ESSE CAMINHO

 


O profeta Isaías, fazendo um diagnóstico da sociedade de Judá, elenca vários “ais” que apontam para o juízo de Deus àqueles que seguem o caminho sinuoso do pecado. Vejamos:

            Em primeiro lugar, o caminho da ganância insaciável (Is 5.8). “Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores da terra!”. A Bíblia não condena a riqueza, mas a usura. Quando o homem, com ganância insaciável, acumula para si bens, para assenhorar-se de casas e campos, deixando os demais na dependência de seu monopólio, está sob a mira do juízo divino.

            Em segundo lugar, o caminho da bebedeira desenfreada (Is 5.9). “Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta!”. O texto descreve a figura de um ébrio, alguém que já perdeu a conexão com a realidade. Esse indivíduo não trabalha mais. Seu projeto de vida é render-se à bebedeira desde o amanhecer até às altas horas da noite.  Quanto mais ele bebe mais necessidade sente de beber. Ele não cessa de beber até ficar inflamado pela bebida. Seu mundo é o álcool. É um escravo do vício.

            Em terceiro lugar, o caminho da depravação moral (Is 5.18). “Ai dos que puxam para si a iniquidade com cordas de injustiça e o pecado, como com tirantes de carro!”. Há aqueles que se orgulham de sua depravação moral. Sentem-se importantes ao arrastar para si mesmos os pecados mais escandalosos, as injustiças mais vergonhosas e a iniquidade mais vil. Esses fazem propaganda de suas façanhas imundas. Refestelam-se no pecado. Tocam trombeta sempre que ultrapassam a fronteira de sensatez.

            Em quarto lugar, o caminho da inversão de valores (Is 5.20). “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!”. Esta é uma descrição de um indivíduo que está no fundo do poço. É o estágio mais baixo da depravação. É a degradação no seu estágio mais avançado. Não se trata de concessão ao erro ou de tolerância ao mal. Mas, de uma declarada e aberta inversão de valores. É colocar a vida pelo avesso. É aplaudir o que é vergonhoso e reprovar o honroso. É ter vergonha do certo e promover o errado. É escarnecer da virtude e fazer propaganda do vício.

            Em quinto lugar, o caminho da soberba inconsequente (Is 5.21). “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!”. Tocar trombeta para chamar a atenção para suas próprias realizações já é vexatório demais, mas orgulhar-se de uma sabedoria inexistente e julgar-se prudente aos próprios olhos é insensatez consumada. A soberba, de fato, é a sala de espera da ruína. Não devem ser nossos próprios lábios que nos louvam. Aplaudir a si mesmo é sinal de grotesca imaturidade.

            Em sexto lugar, o caminho da injustiça clamorosa (At 5.22,23). “Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte, os quais por suborno justificam o perverso e ao justo negam justiça!”. A condenação virá sobre aqueles que batem no peito e se orgulham de sua capacidade de beber e até misturam bebida forte, julgando que isso é uma virtude. Coitados! Eles perdem a lucidez. Perdem a capacidade de julgar retamente. Perdem o senso de justiça. Acabam se rendendo a esquemas de corrupção, a ponto de aceitarem suborno para culpar os inocentes e inocentar os culpados.

            Isaías olhou esse cenário cinzento para diagnosticar os pecados alheios, mas, agora, ao contemplar a santidade de Deus, olha para si mesmo e clama: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is 6.3). Que em vez de olharmos apenas para fora para ver os pecados dos outros, olhemos para o alto para contemplar a santidade de Deus e para nós mesmos para ver a hediondez de nossa própria condição. Só assim, deixaremos de andar pelos caminhos sinuosos da transgressão para andar nos retos caminhos da santidade.

Rev. Hernandes Dias Lopes









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